O Brasil vive, desde o ano passado, um momento extremamente favorável para o setor imobiliário. Depois de um início de ano com perspectivas sombrias diante de pandemia do coronavírus e de prognósticos nada positivos de esfriamento da atividade econômica como um todo (que, em alguns setores, infelizmente, acabaram se concretizando), o setor mostrou uma incrível capacidade de recuperação.
Um dado bem recente pode ser tomado como “pulso do mercado”: o total de recursos destinado à compra e à construção de imóveis somou, em 2020, R$ 124 bilhões, um avanço de 57,5% na comparação com 2019 e melhor resultado da história – em 2014, último grande ciclo de alta, esse valor chegou a R$ 113 bilhões. Os dados são da ABECIP, Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança, e foram divulgados no último dia 27.
O crédito imobiliário foi, aliás, um dos principais fatores de suporte dessa retomada. Impulsionada por juros em patamares historicamente baixos (Selic em torno de 2% ao ano) e pela continuidade dos programas de financiamento de imóveis econômicos, a construção civil foi uma espécie de “porto seguro”, do mercado e das próprias pessoas nesse ano tão desafiador. Um estudo publicado pela Abrainc, (Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias) sob o título de O Futuro do Mercado Imobiliário Após a Pandemia revelou uma interessante valorização da casa como espaço de home office (tendência que vemos no dia a dia) e de “fruição”. Falando de uma maneira mais direta, as pessoas passaram a perceber a necessidade de lares maiores, mais espaçosos e mais confortáveis. Afinal, nunca se viveu tanto dentro de casa. E isso, claro, ajudou a movimentar o mercado.
Como já mencionamos, o setor representa uma espécie de porto seguro para as pessoas e a economia em tempos de vacas magras, ajudando a minimizar os impactos das crises. Hoje, o setor da construção civil movimenta outros subsetores, gerando renda e empregos. Cada R$ 1 milhão investido no setor gera 7,64 empregos diretos e outros 11,4 empregos indiretos que, por sua vez, produzem, respectivamente, R$ 492 mil e R$ 772 mil em termos de PIB.
Olhando para 2021, as perspectivas são de que, com a continuidade do isolamento social e os juros ainda em patamares muito baixos (as projeções são de um início de alta da Selic a partir de meados do ano), esse cenário continue favorável ao mercado imobiliário, com todos os benefícios que, como acabamos de mostrar, proporciona à sociedade.
Resta ao setor seguir trabalhando em linha com as melhores práticas sanitárias e de proteção da saúde (sobretudo nos canteiros de obras, como já vem sendo feito) e ambientais, zelando pelo uso racional de materiais e adotando sistemas que garantam a sustentabilidade no uso de recursos cada vez mais preciosos, como água e energia. Cabe, também, ao poder público, avaliar com cuidado questões como a Lei de Zoneamento para que os investimentos continuem ocorrendo, apoiando, assim, a saúde de nossa economia.